Ageu Rodrigues, 67 anos, de Hortolândia (SP), é deficiente visual desde os três anos de idade. O carateca teve uma infecção generalizada e ficou cego. Contudo, isso nunca o impediu de fazer as atividades que queria. Há muitos anos ele vem praticando esportes como Jiu-Jitsu, Rapel, Futebol, entre outros. Hoje, foca o Karate. Nessa sexta-feira (09.07) ele disputou o Campeonato Brasileiro de Karate, que acontece em Porto Alegre
Quando perguntado sobre o desafio de fazer Karate sendo cego, Ageu diz que “a dificuldade é a própria pessoa que cria. Se a gente souber ampliar nossos limites, a dificuldade acaba”. Ageu conta que está feliz pela apresentação feita no Campeonato Brasileiro, realizado em Porto Alegre. “É inexplicável a emoção ao pisar no Koto e mostrar o resultado de tudo que aprendeu para todos e receber os aplausos do público”, ressalta.
Débora Knihs, 31 anos, natural de Brusque (SC), teve glaucoma aos 40 dias de vida e, depois de passar por vários tratamentos e cirurgias, perdeu a visão total aos 12 anos de idade. Atualmente mora em Campinas (SP) e começou a fazer Karate há pouco mais de um ano, por incentivo de Ageu. Com muita insistência do amigo, decidiu conhecer o esporte. Depois de experimentar uma aula, nunca mais parou de praticar.
No início, Débora atuava no Karate apenas pelo prazer de fazer uma atividade física, bem como pela defesa pessoal que o esporte proporciona. Na época, não pensava em participar de competições. Entretanto, a carateca se surpreendeu quando seu sensei a convidou para entrar num campeonato.
“Sensei, eu acho que não estou preparada. Ele respondeu que se eu não estivesse preparada, não teria realizado o convite”, conta.
Após aceitar a proposta, Débora participou da Copa Louveira de Karate, em 2015.
“Foi muito emocionante. Após terminar, eu saí chorando. Mas, mesmo hoje, no meu quinto campeonato, ainda sinto um friozinho na barriga e o coração acelerar”, diz.
O carateca Jaime Ruiz, 49 anos, de Santo André (SP), conquistou a medalha de ouro na categoria Sênior PCD cadeirante. O atleta teve um problema na medula há 8 anos. Em 2012, ele iniciou suas atividades no Karate.
Segundo Jaime, a inspiração para seguir no esporte veio após conhecer o festival Okinawa, de cultura japonesa, no qual se deparou com outro carateca que é cego. Logo, percebeu que poderia também fazer o mesmo esporte.
Com a realização da Confederação Brasileira de Karatê. Federação Gaúcha de Karate e Austral Sports, o Campeonato Brasileiro de Karate tem o apoio da NET, Claro, H2O, Trevisan, Prefeitura de Porto Alegre, Sport Clube Internacional, Feci, Rede Master e Latam.
Texto: Giulian Cavali/Voluntário/Aluno IPA
Supervisão: Nathália Ely/Assessora de Imprensa Campeonato Brasileiro – Porto Alegre
Fotos: Vinicius Carvalho
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