Originalmente a palavra karate era escrita com os ideogramas (Tang e mão) referindo-se a dinastia chinesa Tang ou, por extensão, mão chinesa reflectindo a influência chinesa neste estilo de luta. O karate é provavelmente uma mistura de uma arte de luta chinesa levada até Okinawa por mercadores e marinheiros da província de Fujian. Os estilos de karate de Okinawa mais antigos são o Shuri-te, Naha-te e Tomari-te, assim chamados de acordo com os nomes das três cidades em que eles foram criados.

Em 1820 Sokon Matsumura fundiu os três estilos e deu o nome de shaolin (em chinês) ou shorin (em japonês),entretanto os próprios estudantes de Matsumura criaram novos estilos adicionando ou subtraindo técnicas ao estilo original. Gichin Funakoshi, um estudante de um dos discípulos de Matsumura, chamado Anko Itosu, foi a pessoa que introduziu e popularizou o Karate nas ilhas principais do arquipélago japonês.

Funakoshi  foi o responsável pela mudança na forma de escrever o nome desta arte marcial, sendo esta a forma que encontrou para que o karate fosse aceito pela organização de budo Dai Nippon Butokai, já que numa época de ascensão do nacionalismo japonês era importante não fazer com que o Karate parecesse uma arte de origem estrangeira, como a maneira antiga de escrever implicava já que viera da China.

O karate foi popularizado no Japão e introduzido nas escolas secundárias antes da Segunda Guerra Mundial. A modernização e sistematização do Karate no Japão também incluiu a adopção do uniforme branco (dogi ou keikogi) e de faixas coloridas indicadoras da graduação alcançada pelo aluno, ambos criados e popularizados por Jigoro Kano, fundador do judo. Fotos de antigos praticantes de Karate de Okinawa mostram os mestres em roupas do dia-a-dia.

GRADUAÇÃO:

Nos Kyu, a ordem é decrescente, enquanto que nos Dan, a ordem é crescente.

Os Kyu caracterizam-se pelo facto de haver faixas de várias cores, enquanto que nos Dan predomina o preto (podendo haver organizações que nos níveis mais altos utilizam um cinto de duas cores alternadas: vermelho e branco).

Kyu significa nível e Dan significa grau, sendo a primeira faixa preta a de 1º Dan, a segunda faixa preta 2º Dan e assim por diante em ordem crescente. Num plano simbólico, o branco representa a pureza do principiante e o preto refere-se aos conhecimentos apurados durante anos de treino intenso.

 NIJU KUN:

Niju Kun é a síntese do pensamento sobre  como deve ser o espírito do praticante de karate. São vinte preceitos cujo propósito é dar subsídios à cerca da prática cotidiana do karate, servindo também como um guia para o autoconhecimento.

1- O karate começa e termina com saudação (rei);
2- No karate não existe atitude ofensiva;
3- O karate é um assistente da justiça;
4- Antes de julgar os demais, procure conhecer a si mesmo;
5- O espírito é mais importante do que a técnica;
6- Evitar o descontrole do equilíbrio mental;
7- Os infortúnios são causados pela negligência;
8- O karate não deve se restringir ao dojo;
9- O aprendizado do karate deve ser perseguido durante toda a vida;
10- O karate dará frutos quando associado à vida cotidiana;
11- O karate é como água quente. Se não receber calor constantemente esfria;
12- Não alimentar a idéia de vencer, pense em não ser vencido;
13- Adaptar sua atitude conforme for o adversário;
14- A luta depende do manejo dos pontos fracos (kyo) e fortes (jitsu);
15- Imagine que os membros dos adversários são como espadas;
16- Para o homem que sai do seu portão, há milhões de adversários;
17- No início seus movimentos são artificiais, mas com a evolução tornam-se naturais;
18- A prática de fundamentos deve ser correta, porém sua aplicação é diferente;
19- Não esqueça de aplicar: (1) alta e baixa intensidade de força, (2) expansão e contração corporal e (3) técnicas lentas e rápidas;
20- Estudar, praticar e aperfeiçoar-se sempre.

O SIGNIFICADO DE “OSS”:

OSS (cuja a transcrição exata do japonês é OSU) foi criada na Escola Naval Japonesa, e é usada universalmente para expressões do dia-a-dia como “sim”, “por favor”, “obrigado”, “entendi”, “desculpe-me”, para cumprimentar alguém, etc., bem como no mundo do Karate para quase qualquer situação onde uma resposta seja requerida. Para um karateka, OSS é a palavra mais importante.

A palavra OSS implica pressionar a si mesmo ao limite de sua capacidade e suportar. OSS significa, de uma maneira mais simples, “perseverança sob pressão”. É uma palavra que por si só resume a filosofia do Karate. Um bom praticante de Karate é aquele que cultiva o “espírito de OSS”.

OSS não deve ser dito de forma relaxada, usando apenas a garganta, mas, como tudo no Karate, deve ser pronunciado usando o “espirtito do karateca”. Pronunciado durante o cumprimento, OSS expressa respeito, simpatia e confiança no colega. OSS também diz ao Sensei que as intruções foram compreendidas, e que o estudante irá fazer o melhor para seguí-las

KUMITE:

Significa luta, combate. É a aplicação prática das técnicas do Karatê diante de um adversário real. Seu objetivo é demonstrar a efetividade tanto das técnicas de ataque como de defesa, os pontos importantes a se observar no trabalho do Kumite são: distância, velocidade, reação, antecipação, controle e correta aplicação de ataque e defesa. O kumite permite desenvolver a tática e a estratégia.

KATA:

Os KATA são a essência do estilo de karatê, neles estão contidas as técnicas de grandes mestres. Cada kata representa uma situação diferente pela qual o carateca esta passando. Sendo que os kata só terão o seu significado realmente compreendido por aquele que os pratica com maior frequencia, um grande mestre do passado disse que um kata só deve ser mostrado a outros quando ele for praticado 10.000 vezes, com uma pratica dessa quantidade pode realmente alcançar o real significado de cada técnica contida no kata e não a simples ordenação dos movimentos, pois o kata não deve ser dublado e sim vivido, deve-se incorporar a situação para que ele possa vir a ter um proveito real para o praticante.

A COMPETIÇÃO NO KARATE-DO:

A busca de vitórias em competições não é o principal objetivo do Karate-Do Tradicional. As competições são um meio que permitem ao praticante de Karate-Do Tradicional fazer uma autoavaliação técnica e emocional. Vencer ou perder numa competição não é o mais importante, o relevante é o crescimento como lutador e como pessoa que ela proporciona.

O que se exige dos lutadores numa competição de Karate-Do Tradicional é a eficiência na execução dos movimentos, ou seja, a dinâmica corporal utilizada para se aplicar os golpes, e não tão somente a velocidade ou o contato. Não basta acertar o alvo, é preciso fazê-lo da forma correta, baseado nos fundamentos técnicos do Karate. Isso exige um grande domínio físico e mental, e também estimula a busca pelo aperfeiçoamento pessoal e pelo refinamento da técnica. “Perder-se na beleza dos movimentos ou apenas buscar pontos numa luta não levam à perfeição!”.

O DOJO E A CONDUTA DO KARATECA:

Os rituais em todos os Dojo propõem aos praticantes uma série de atitudes e gestos que facilitam as relações entre eles deixando claro o desejo comum de obedecer a uma ordem válida para toda a comunidade e para cada um.

A prática de karate está repleta de exercícios marciais, combativos, porém com um total espírito de conciliação, buscando a vitória pela harmonia, pela paz, procurando esquecer as atitudes egoístas e pensando sempre no grupo e como sendo parte dele. O karateca treina com seu companheiro com todo respeito e consideração, pois o considera como parte de si mesmo e sem o qual não
há treinamento.

Daí ser fundamental tratar o companheiro com cortesia e agradecimento por ele dá a possibilidade de você treinar e de aprender com ele. Ao professor, se deve o respeito e o agradecimento pela transmissão dos conhecimentos e pela dedicação e esforço em ensinar segredos que foram por muitos séculos restritos a uma minoria privilegiada. Respeitar e se fazer respeitar é uma das regras mais importantes durante os treinamentos. Conciliar e nunca confrontar é o princípio básico. Esquecer-se da palavra “eu” e substituí- la pela palavra “nós” é a essência do ensinamento. Outro ponto fundamental é que se treina karate para a vida, portanto fica claro ao praticante e ao grupo que o fundamental não é vencer, não é derrubar, não é ser o mais forte, mas descobrir o potencial individual.

O DOJO:

O lugar onde se pratica Artes Marciais é denominado “Dojo”, esta palavra foi emprestada do Zen Budismo, significando “Lugar de Iluminação” (onde os monges praticavam a meditação, a concentração, a respiração, os exercícios físicos e outros mais). A palavra dojo significa literalmente:

DO – Caminho, estrada ou trilha (sentido espiritual); JO – Lugar (espaço físico).

Algumas pessoas referem-se à academia de karate como um dojo, porém as duas coisas são diferentes. A palavra dojo somente se refere ao espaço físico onde ocorre o treino de karate (leia-se arte marcial japonesa), enquanto academia se refere ao local onde se pratica karate. Portanto, o dojo é o lugar onde se pratica o “caminho”.

Alguns podem perguntar sobre qual o caminho que se pratica em um dojo; O homem deve despertar em meio às questões de todos os dias, vivendo intensamente no presente e concedendo atenção integral às coisas do cotidiano, para, desta maneira, retornar à naturalidade de sua natureza.

O CUMPRIMENTO:

Uma demonstração tradicional de cortesia é o cumprimento, isto tanto é verdade que ele é realizado no início e no final da aula de frente para o Shomeni (forma de agradecimento àqueles que desenvolveram a arte). Ao cumprimentar, você deverá olhar para baixo e não na face do seu oponente – olhar na face de alguém durante um cumprimento é sinal de falta de confiança. O cumprimento pode ser feito de duas maneiras distintas:

  • Quando entramos ou saímos do dojo;
  • Quando o professor entra ou sai do dojo;
  • No início e final de um combate;
  • No início e final da aula.
  • No início e final de um kata;
  • No início e final de um exercício com um companheiro.
  • KIAI:

    kiai ou “grito de força” – KI: força e AI: grito – é uma energia que nasce a partir do baixo ventre (saika tanden – aproximadamente cinco centímetros abaixo do umbigo).

    Todos têm um grito de força, principalmente os grandes felinos. Geralmente, esses animais paralisam suas presas com o seu kiai antes de atacá-las. O kiai pode ser aplicado em três momentos.

    1. No início de uma atividade;
    2. Durante a realização desta tarefa;
    3. Final de um trabalho;

    Os gritos de guerra servem para aumentar, acelerar e expor a força de ação do homem. Na luta individual, para colocar o adversário em movimento, o grito antecipa seus golpes e, em seguida, pode se aplicar chutes e socos. Não é necessário utilizar o grito simultaneamente com seus golpes. No decorrer da luta, ele servirá para incentivar e colocar numa situação vantajosa, sendo forte e profundo. Tomar precaução ao gritar, pois se o grito for usado fora de ritmo ou de tempo ou em ocasiões impróprias poderá surgir como contra-efeito, tornando-se prejudicial. No Japão há a prática do Kiai Do – caminho do grito da força – onde o praticante chega a ter medo do próprio grito.

     
    Pesquisa e Referências: http://pt.wikipedia.org/wiki/Shotokan