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FGK ganha Prêmio de Responsabilidade Social 2015 – e daí?

Um pouco antes do treino de terça feira passada, durante uma conversa informal com o Professor Celso Piaseski, comentei como as pessoas costumam relevar acontecimentos cotidianos, ainda que importantes.

Taí o sol, fonte de toda a vida na terra, amigo pontual e infalível na lida diária, e ninguém dá a mínima.

O que nos chama a atenção é o inusitado. O sol? Bem, esse taí todo dia..

O que dizer de um prêmio conquistado pela Federação pela 13ª vez? Todo ano é a mesma coisa.. não faz diferença.. será?

Você sabe o que é Responsabilidade Social?

Responsabilidade social é quando as empresas decidem, voluntariamente, contribuir para uma sociedade mais justa

Os primeiros estudos que tratam da responsabilidade social tiveram início nos Estados Unidos, na década de 50, e na Europa, nos anos 60. As primeiras manifestações sobre este tema surgiram em 1906, porém essas não receberam apoio, pois foram consideradas de cunho socialista, e foi somente em 1953, nos Estados Unidos, que o tema recebeu atenção e ganhou espaço. Na década de 70, começaram a surgir associações de profissionais interessados em estudar o tema, e somente a partir daí a responsabilidade social deixou de ser uma simples curiosidade e se transformou em um novo campo de estudo.

A responsabilidade social implica a noção de que uma empresa não tem apenas o objetivo de fazer lucro e além de trazer benefício financeiro às pessoas que trabalham na empresa, também deve contribuir socialmente para o seu meio envolvente. Desta forma, a responsabilidade social muitas vezes envolve medidas que trazem cultura e boas condições para a sociedade.

E o que a FGK fez para merecer esse prêmio?

O prêmio é o reconhecimento público do trabalho desenvolvido no projeto “Karate Além do Esporte“, que é um programa esportivo de inclusão social voltado para crianças e adolescentes carentes.

A FGK é uma entidade representativa. O prêmio, na verdade, reflete o trabalho do professor, que todo santo dia, assim como o sol, amanhece, indiferente às suas próprias dificuldades, e segue planejando aulas, treinos, conceitos, ideias que dão brilho à vida de outras pessoas.

É um trabalho de formiga, uma gota no oceano. Mas é estímulo para uma vida melhor, e isso basta.

É muito bom fazer karate, me orgulho de praticar o esporte aos 50 anos.. Porém, o mais gratificante mesmo é saber que faço parte de um grupo que se esforça para tornar nossa sociedade mais justa, que trabalha no sentido de resgatar a auto-estima de crianças e adolescentes. Que coisa boa.

Oss..

O carate e a auto-estima de crianças carentes

Trabalho com crianças carentesEm 2015, 1% da população terá patrimônio equivalente ao dos 99% restantes. É uma desigualdade insana. Se quiser saber mais, clique aqui.

O Brasil, evidentemente, não é exceção, pelo contrário. Além do contexto mundial, convivemos com deformações estruturais criadas pelo modelo de colonização a que fomos submetidos. Se quiser saber mais, clique aqui.

Nas poucas linhas que se seguem, tentarei transmitir uma perspectiva sobre a capacidade transformadora do esporte, sobretudo neste contexto de profunda desigualdade, e ainda mais para aqueles que estão na base da pirâmide social.

Entender essa capacidade transformadora do esporte requer um pouco de esforço da sua parte, no sentido de se colocar no lugar das pessoas que vivem em situação de risco. Mais especificamente no lugar das crianças.

Somos consumistas. Infelizmente a maioria dessas crianças é submetida diuturnamente à propaganda que escorre das TV’s para nos convencer de que somos aquilo que temos (se não temos nada, não somos ninguém), entre outras situações que lhes escancaram a falta de tudo, até de amor.

O mais cruel dessa situação é que a criança não entende o que está acontecendo, apenas percebe que alguma coisa está errada, percebe que ela não se encaixa naquele modelo que é apresentado como sendo normal. Não só lhe falta o tênis de marca ou o brinquedo da hora, mas muita vezes falta o básico mesmo.

Estamos semeando medo, angústia, insegurança.. o que irá brotar no coração dos futuros cidadãos da nossa sociedade?

Esporte Liberta!

Várias modalidades esportivas podem ser comparadas a uma passagem para um mundo onde todos tem as mesmas oportunidades.

Uau! Um mundo perfeito, sem desigualdades? É possível isso?Karate Além do Esporte

Não se trata de alcançar o estrelato ou ganhar dinheiro, que são coisas que o esporte também pode proporcionar, mas que dependem de outros fatores “externos”.

Estou me referindo à mágica que acontece nos gramados, nas quadras, tatames, dojos, que só quem pratica esporte conhece: lá dentro, na hora do “vamos ver”, somos todos iguais.

Quando você entra na área de competição, não tem hierarquia, não tem o mais rico, o que tem pai influente, o maioral, o mais bonito ou de classe alta, o branco ou preto. Você é aquilo que treinou.

Essa é a filosofia básica de todas as artes marciais que conheço, assim como da maioria dos esportes.

Ao praticar carate, a criança carente percebe que, pelo menos naquele momento, pode fazer coisas boas, pode crescer como todos os demais, integrada e respeitada dentro do seu grupo.

Qualquer professor sabe do que estou falando. Salta aos olhos a transformação, tanto no apecto físico quanto emocional.

menino concentradoÉ lindo ver uma criança sozinha no koto, concentrada e conectada com suas energias, fazendo um kata superior (uma sequência complexa de movimentos), sob os olhos atentos de pelo menos 5 juízes e milhares de espectadores, inclusive seus familiares, sendo avaliada quanto a forma, força, velocidade, precisão, sincronia, respiração, concentração, (ufa!) e encarar isso com altivez, com coragem, com serenidade.

Em muitos casos é um resgate da auto-estima.
E isso é libertador. A desigualdade mutila. O carate, restaura.

A FGK tem um projeto de atendimento à crianças carentes. Clique aqui e saiba mais

Curso de Shiai Kumite com Douglas Brose

Curso Shiai KumiteCom mais de 100 inscritos(!) aconteceu nessa sábado, 29/08/2015, o Curso de Shiai Kumite com o atleta, campeão mundial, Douglas Brose.

Foram 5 horas de aula prática, aprendendo com o campeão pan-americano 2015 uma série de estratégias e táticas de luta.

Muito além da teoria: Douglas Brose, além de gente finíssima, também é craque em mostrar os detalhes que podem fazer a diferença durante um combate.

Não só como são executados os golpes, o karateca, com base em toda a sua experiência internacional, nos mostrou como esses movimentos são identificados pelos juízes, o que é importante, o que é pontuável.

As horas de treino com certeza foram extenuantes. Mas ao final da tarde o semblante geral dos presentes era de satisfação, uma sensação de que valeu cada minuto aprendendo com um dos principais atletas brasileiros.

Valeu Douglas!