A história sempre foi marcada pela luta da mulher por seus direitos. Depois de muitos anos de discriminação, lentamente pode-se perceber que a mulher tem conquistado a aceitação da sociedade nas mais diversas áreas. No universo das artes marciais, não é diferente: é cada vez mais comum observar mulheres praticando tais esportes. Em um espaço antes dominado pelo sexo masculino, hoje o, antes chamado “sexo frágil”, está mudando esse quadro. A etapa classificatória do Campeonato Brasileiro de Karate em Porto Alegre – que vem ocorrendo desde essa quinta (07.07) e segue até domingo (10.07) – mostra que as mulheres ainda são minoria, mas que estão conquistando seu espaço nas artes marciais. Com um total de 1183 atletas participantes, 415 são atletas femininas, ou seja, pouco mais de 35%.
No karatê, as mulheres não enfrentam discriminação apenas pela dúvida da capacidade delas em terem sucesso na arte, mas principalmente sobre sua sexualidade e feminilidade, como contam algumas caratecas presentes no Campeonato Brasileiro.
A carateca, tetracampeã brasileira, Lucélia Ribeiro, diz que no início da sua trajetória no karate foi alvo de discriminação.
“Eu senti esse preconceito bem mais quando eu iniciei no esporte. Minha família mesmo associava as artes marciais como esportes masculinos. Eu via que a preocupação maior deles era que eu ficasse masculinizada. Vivi essa discriminação da minha infância até a adolescência. Porém, com o passar do tempo eu fui quebrando isso” relata ela.
Lucélia foi a primeira atleta brasileira a conquistar quatro medalhas de ouro em jogos pan-americanos consecutivos, o que foi um fato inédito para o esporte brasileiro. Para ela, a mulher tem conquistado um espaço cada vez maior dentro das artes marciais.
“Temos atletas femininas adquirindo bastante espaço no cenário internacional, com títulos altamente importantes. Por exemplo, em Toronto, nos últimos jogos Pan-americanos, tivemos três medalhas de ouro, sendo que duas foram de mulheres”, completa ela.
Ela acredita que o preconceito não está somente no esporte, mas em todas as outras áreas, que o sexo masculino ainda predomina.
“Infelizmente, nós mulheres, temos que estar sempre provando alguma coisa, mas aos poucos vamos vencer isso também. Acredito que independente de qualquer coisa, devemos fazer aquilo que gostamos, o que amamos, o que nos faz se sentir bem, porque assim a chance de sucesso é muito maior”, completa.
Fabiane Vieira, de Monte Negro, também acredita nesse crescimento.
“Às vezes eu percebo que as pessoas ficam um pouco constrangidas, pelo fato de uma mulher fazer uma arte marcial. Eu sou graduada no 1º Dan (faixa preta em karatê), mas também já fiz MuayThai. Faz 13 anos que estou nesse meio e vejo que a inserção da mulher está crescendo muito. Antes eram poucas, mas hoje esse número já está bem mais significativo. Claro, é bem difícil, não somente no karatê, mas principalmente também na vida profissional. Porém, aos poucos, eu estou sentindo que a sociedade está tendo que aceitar isso. Acredito que as mulheres que praticam o esporte, e sofrem esse tipo de preconceito, não podem desistir” afirma Fabiane.
Com a realização da Confederação Brasileira de Karatê. Federação Gaúcha de Karate e Austral Sports, o Campeonato Brasileiro de Karate tem o apoio da NET, Claro, H2O, Trevisan, Prefeitura de Porto Alegre, Sport Clube Internacional, Feci, Rede Master e Latam.
Texto: Bruna Breyer/ Voluntária/ Aluno IPA
Supervisão: Nathália Ely/Assessora de Imprensa campeonato Brasileiro de Karate – etapa Poa
Foto: Daiana Berto
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